“Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8)
O Ser humano recebeu a vida não para desejar a morte, mas para vivê-la. Por mais que saiba que a morte é uma realidade, enquanto ela não é um fator ameaçador, vivemos bem. Mas quando ela se aproxima, bate à porta de quem amamos, podemos nos desesperar.
O medo, como sentimento de ameaça ou uma emoção de pavor é fruto de uma cosmovisão equivocada sobre a vida e a morte. O medo da morte, pode revelar os nossos ídolos, porque não é simplesmente morrer e morar com Cristo, é ter que deixar o mundo, e tudo o que conquistou nele, ou até mesmo, o medo de não conseguir perdoar um parente, um amigo, ou consertar algo oculto. O medo da morte pode estar ligado a ameaça de romper com os laços terrenos.
Por que não devemos ter medo da morte? Porque, por mais que ela seja uma intrusa, por conta do pecado, foi através da vitória de Cristo sobre ela, que recebemos a vida. A ressurreição de Cristo pôs um fim nessa ameaça (1 Co 15.55). E através dessa vitória ele nos justificou, selou e garantiu para a vida após a morte morada no céu, com Cristo (Ef 1.13-14). O cristão não pode ter medo da morte, porque no plano terreno estamos peregrinando, mas no plano celestial, adentraremos para viver a eternidade.
O que Paulo faz nesse versículo é realinhar o nosso coração. Primeiro, não pertencemos a nós mesmos, mas ao Senhor, pois o sangue de Cristo pagou pelos nossos pecados, nos libertando do julgo de escravidão, nos fez filhos de Deus e a morte já não tem sua ação final sobre nós. (Ef 2.1-10; 1 Co 15.19; 1 Co 15.50-57) Segundo, se somos do Senhor precisamos viver para ele (Fp 1.27), com toda intensidade e em todas as áreas de nossa vida (1 Co 10.30). Terceiro, vivemos aqui, mas com o desejo de estar lá, que é infinitamente melhor (Cl 3.1-3; Fp 1.21-23).
Assim como disse Calvino: “nós não somos de nós mesmos:; não deixemos, portanto, que a nossa razão nem a nossa vontade influenciem os nossos planos e ações […] não vamos definir como nosso objetivo a busca do que é conveniente segundo a carne […] Se pertencemos a Deus, vamos viver para ele e morrer para ele, deixemos que a sabedoria e a vontade dele domine todas as nossas ações, […] façamos com que todas as partes da nossa vida conformemente se esforcem na direção dele como nosso único objetivo legítimo”.
Temer a morte no sentido de cuidar da vida, é importante e necessário, como as prevenções mediante as ameaças do Covid, agora se isso tira o sono e interfere no cotidiano, pode ser uma expressão do medo, o que deve ser deixado de lado, diante da correta perspectiva de quem somos, para quem vivemos e para onde iremos. Que Deus nos ajude, nos encoraje a viver sem medo dessa ameaça, e desejosos de, no tempo de Deus, estar com Cristo que será infinitamente melhor.
Rev. Robert Mota